
Era uma vez… um contador de histórias empolgado
Sabe aquele roteirista iniciante cheio de sede de contar uma boa história? Ele descobre um universo inteiro de técnicas e resolve usar todas ao mesmo tempo. Flashback? Sim! Narração em off? Por que não? Câmera lenta, trocas de ponto de vista, time lapse, viagem no tempo, e… vira uma bagunça. Não dá pra entender nada. O espectador só pensa: “mas o que tá acontecendo aqui, gente?”
Não é querendo bancar o chato, mas só conhecer as técnicas não garante uma boa narrativa. É preciso saber como e quando usá-las. E hoje, você vai entender o que é flashforward e por que essa técnica pode ser sua melhor aliada para fisgar o público logo de cara.
O que é flashforward, afinal?
Flashforward é quando você mostra um pedaço do futuro da sua história antes mesmo de ela começar, propriamente dita. É como um salto no tempo à frente — um vislumbre de algo impactante que ainda vai acontecer. E o melhor: é uma isca narrativa poderosa.
Sabe quando um filme começa com uma cena intensa, completamente fora de contexto, e aí vem aquela narração:
“Você deve estar se perguntando: como eu cheguei aqui…”
Pronto. Isso é flashforward.
Você já viu isso em “Deadpool”, onde o filme começa com uma perseguição insana e só depois voltamos no tempo pra entender como tudo aquilo começou. Ou em “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, quando vemos os personagens se reencontrando sem saber que já tiveram um relacionamento antes — e só depois mergulhamos na linha do tempo real.
No exemplo da imagem, o flashforward se encontra no meio. Imagina que, para

O flashforward deixa a audiência curiosa, querendo entender como aquilo vai se encaixar. É como mostrar a última peça do quebra-cabeça antes mesmo de começar a montagem.
Flashforward x Flashback: qual a diferença?
O flashback é mais conhecido, claro. É quando você interrompe a linha do tempo principal para revisitar o passado. Ele é ótimo pra explicar motivações ou revelar eventos importantes… mas também pode quebrar o ritmo se for mal usado.
O flashforward, por outro lado, não para a história — ele antecipa algo e gera expectativa. Enquanto o flashback responde perguntas, o flashforward cria perguntas. Ele provoca: “O que vai acontecer pra chegar nesse ponto?”
É por isso que, especialmente pra começar uma história, o flashforward tem um potencial gigantesco. Ele coloca o público no estado ideal: alerta, curioso e emocionalmente investido.
Por que o flashforward é a melhor técnica pra começar?
Imagine que você tem apenas 30 segundos pra convencer alguém a continuar lendo ou assistindo sua história. É isso que acontece em tempos de TikTok, YouTube e streaming. O flashforward entrega tensão e mistério de imediato. Ele não te dá tempo de dispersar.
Mas, atenção: o ponto escolhido para esse salto no tempo deve ser estratégico. Precisa ter peso emocional ou dramático. Pense em algo que seja quase um spoiler criativo — um momento de virada, um clímax, uma morte, um conflito.
Exemplo poderoso: Túmulo dos Vagalumes, de Isao Takahata
O filme abre com a morte do protagonista. Simples assim. É um flashforward devastador. A partir dali, a gente assiste cada cena com um nó na garganta, se perguntando como isso foi acontecer. É uma escolha ousada, mas perfeita. A emoção vem de dentro pra fora.

Como aplicar o flashforward na sua história?
Se você curtiu a ideia e acha que ela se encaixa no seu enredo, aqui vão dicas práticas e exercícios:
Escolha seu ponto de virada
- Qual é a cena mais impactante da sua história?
- Ela pode ser entendida sem contexto, só pela força visual ou emocional?
- Experimente escrever essa cena primeiro e coloque-a no início do seu roteiro ou capítulo.
Escreva a pergunta que ela gera
- Depois de ver essa cena, o que o público vai se perguntar?
- Tente anotar 3 a 5 perguntas que surgem na cabeça de quem vê o flashforward.
- Se as perguntas forem fortes o suficiente, você acertou em cheio.
Reescreva a jornada até ela
- Agora volte para o início da linha do tempo e conduza sua história até aquela cena.
- Garanta que o caminho faça sentido emocional e narrativamente.
- O flashforward deve parecer uma peça natural do quebra-cabeça, e não um truque barato.
Conclusão
Saber o que é flashforward pode mudar sua forma de contar histórias. Quando bem aplicado, ele não só captura a atenção, mas também sustenta a curiosidade do leitor ou espectador até o fim.
Use com consciência, escolha bem o ponto de impacto e brinque com a expectativa. Afinal, mais do que surpreender, a boa narrativa promete algo — e depois cumpre com emoção, seguindo a técnica da escrita de dentro para fora, que também já conversamos sobre aqui.
Agora me conta: você já usou flashforward em alguma história sua? Ou vai testar depois desse post? Comenta aí!
Aqui, é roteiro na real.
Continue lendo. Continue estudando. Continue escrevendo.